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1 em cada 4 brasileiros pode não se vacinar contra a COVID-19

IBOPE: Entre estes, 3 em cada 10 (ou 34%) declaram uma fake news como razão para não se vacinar, como “a vacina pode ter chips implantados para controle da população”

7 de setembro de 2020

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1 em cada 4 brasileiros pode não se vacinar contra a COVID-19

De acordo com uma pesquisa IBOPE inédita, cerca de 41 milhões de pessoas no Brasil1 (ou 25%), pode não se vacinar contra a COVID-19 -- 20% dizem que talvez não se vacinem e 5% dizem que “não vão tomar a vacina de jeito nenhum”. Dentre os que não tem certeza ou dizem que não vão tomar a vacina contra a COVID-19, cerca de 34% declara pelo menos um motivo relacionado à desinformação. Trata-se de 14 milhões de pessoas.

Intenção de tomar a vacina contra a COVID-19 quando estiver disponível

Os números mostram que a desinformação poderia prejudicar os gigantescos esforços de governos e cientistas para combater o vírus. Os entrevistados também apontaram a(s) razão(ões) que melhor explica(m) porque não tomariam a vacina, revelando que:


  • 7,8 milhões de brasileiros podem não se vacinar por acreditar que a vacina da COVID-19 contém chips implantados para controle populacional;

  • 8,2 milhões podem não se vacinar por acreditar que o Bill Gates teria dito que a vacina pode matar cerca de 700 mil pessoas;

  • 5,7 milhões de pessoas podem não se vacinar por acreditar que a vacina poderia alterar o DNA; e

  • 4,9 milhões podem não se vacinar por acreditar que as vacinas são produzidas a partir de células de fetos abortados.

  1. 25% que talvez não se vacinem ou com certeza não se vacinarão representam 41.381.242 de brasileiros com 16 anos ou mais . Fonte: projeção populacional do IBOPE Inteligência 2020, baseada em Pop DOU, Censo e PNADC - todos estudos do IBGE para população com 16 anos ou mais.

Motivos pelos quais não vai tomar ou talvez não tome a vacina contra a COVID-19

A mesma pesquisa mostra que as redes sociais são a segunda fonte de informação mais relevante sobre a vacina contra a COVID-19 para os brasileiros (39%), após a televisão (72%).

A Avaaz recomenda aos legisladores que discutem o Projeto de Lei 2.620/2020 que incluam, de forma proativa, uma obrigação de que as redes sociais distribuam informações científicas, técnicas e factuais para os usuários que tenham lido, recebido ou tenham sido expostos a qualquer tipo de desinformação, como as apresentadas por este estudo. Esta proposta pode ajudar a mitigar os efeitos da desinformação sem remoção de conteúdo ou violação de privacidade, protegendo assim a liberdade de expressão. Uma pesquisa anterior da Avaaz mostra que a crença de um usuário em conteúdo desinformativo pode ser reduzida, em média, em 50% quando ele é exposto aos fatos.

As descobertas da pesquisa Ibope parecem complementar um estudo recente da USP que descobriu uma tendência de aumento de 383% na produção de conteúdo com fake news sobre a vacina contra a COVID-19 nos dois maiores grupos antivacina do Brasil nos últimos 3 meses.2

No mês passado, a Avaaz publicou um estudo similar chamado “Algoritmo do Facebook: uma grave ameaça à saúde pública” que chegou a conclusões similares, porém a nível mundial. O estudo revelou redes de desinformação internacionais sobre saúde que alcançaram 3,8 bilhões de visualizações no ano passado. A Avaaz analisou apenas casos com desinformação sobre a Covid, sobre vacinas ou sobre ambas. Do universo estudado, cerca de 30% do conteúdo era especificamente sobre a vacinação da Covid, incluindo artigos como “Gates’ Globalist Vaccine Agenda: A Win-Win for Pharma and Mandatory Vaccination”, que obteve cerca de 3,7 milhões de visualizações estimadas no Facebook; e “Robert F. Kennedy Jr. Responds to Bill Gates’ Statements on a Mandatory Coronavirus Vaccine”, com mais de 1 milhão de visualizações estimadas. O mais preocupante deste estudo é a descoberta que o conteúdo dos 10 principais websites compartilhando desinformação sobre a saúde alcançou, no mesmo período, quase 4 vezes mais visualizações estimadas no Facebook do que os posts vinculados a websites das 10 principais organizações de saúde, como a OMS ou o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. A Avaaz descobriu, também, que a maioria das desinformações sobre saúde analisadas não tinham qualquer aviso ou alerta do Facebook, apesar de já terem sido sujeitas a verificação de fatos.

Agora, esta pesquisa do Ibope mostra que alguns dos rumores não só chegaram no Brasil, mas também convenceram milhões de pessoas -- e ameaçam mantê-las longe dos postos de vacinação. Estes dados enviam um alerta: da forma como as redes sociais operam atualmente, a desinformação sobre a saúde está se propagando mais rápido online do que as informações científicas, que atualmente são mais necessárias que nunca.

  1. Leia mais em https://secure.avaaz.org/campaign/po/desinformacao_vacina_coronavirus/

Um apelo urgente aos parlamentares

Enquanto nossos representantes se preparam para votar o Projeto de Lei das Fake News, a Avaaz adverte aos parlamentares: a PL 2.630/2020 em seu texto atual não nos protege contra esta ameaça e nós precisamos agir para garantir que o faça.

Uma grande falha do PL 2.630/2020 é que ele não traz proteções contra a desinformação na qual o dano não está limitado ao conteúdo e comportamento que atenta contra a honra de uma pessoa. Na sua forma atual, por exemplo, esta lei não protegeria a maioria dos cidadãos contra notícias falsas sobre a pandemia da COVID-19, prejudicando o direito fundamental à saúde.

A Avaaz recomenda a inclusão de um mecanismo de reparação de danos individuais e coletivos, com a distribuição de fatos para todos que foram expostos a fake news. Quando disponível, a informação factual será fornecida por fontes transparentes e independentes, sem que nada seja apagado, e cada cidadão será capaz de decidir por si próprio no que acreditar, respeitando suas visões individuais de mundo. Não haverá risco à liberdade de expressão, já que nenhum conteúdo é removido por esse mecanismo. E não haverá prejuízo para o Judiciário caso um usuário ainda sinta necessidade de outros tipos de reparação.

Portanto, nós propomos trazer um conceito consolidado nas práticas do jornalismo tradicional, no qual a reparação não é apenas uma questão de compensação monetária. Existem outras formas de reparação: como o direito de resposta, retratação e, nesse caso, a distribuição de informação.

Como isso funcionaria?

  1. Um usuário identifica o conteúdo/comportamento causador de danos individuais ou coletivos e o sinaliza para as plataformas, buscando reparação; ou

  2. As plataformas, por iniciativa própria, identificam o conteúdo/comportamento que viole a Lei ou seus termos de uso;

  3. A plataforma é, então, obrigada a distribuir informações factuais de fontes independentes para todos os usuários que foram expostos ao conteúdo/comportamento que viole a Lei/Termos de Uso;

  4. As plataformas devem garantir o uso de fontes independentes respeitadas (incluindo, mas sem limitação, o Tribunal Superior Eleitoral, a Organização Mundial da Saúde, a imprensa tradicional, verificadores de fatos etc.)



Ao lado e abaixo, você pode ver um exemplo de como isso funcionaria:




A distribuição de informações factuais não incorreria em responsabilidade civil para as plataformas, mas em responsabilidade operacional, ao criar mecanismos para garantir que os fatos alcançarão o público. Essa medida fortalece a veia educacional do PL e o direito à informação sem causar ônus para os direitos individuais ou sobrecarga para o Judiciário. Além disso, as plataformas de mídias sociais já tomam algumas dessas medidas, mas é importante incluí-las na lei, pois hoje são feitas sem transparência.

A eficiência desta medida é cientificamente comprovada: uma pesquisa encomendada pela Avaaz e desenvolvida pelos especialistas Thomas Wood e Ethan Porter, das universidades de Ohio e George Washington, nos Estados Unidos, provou que mostrar os fatos aos usuários de redes sociais que foram expostos à desinformação pode reduzir a crença em conteúdos enganosos em uma média de 50%, podendo chegar até 61%. Além disso, outros estudos revisados por outros cientistas mostraram que correções eficazes podem reduzir, e até mesmo eliminar, os efeitos da desinformação (por exemplo, este artigo, este estudo este outro artigo). Os pesquisadores também compilaram as melhores práticas para correções eficazes.