Ministério da Cultura: Queremos mais incentivo à dança e valorização de seus profissionais

Bailarinos, professores, coreógrafos, preparadores, ensaiadores, produtores, assistentes de palco, iluminadores, técnicos de som e todos os profissionais da dança brasileiros,

Está mais do que na hora de reagirmos e cobrarmos respeito. Sabemos do nosso talento, capacidade e garra. Temos tradição, história, estrelas, grandes artistas e poderíamos ter uma das melhores companhias de dança do mundo, mas não temos.

Estamos cercados de políticos sem visão, imediatistas, que só investem em projetos que lhes beneficie de alguma maneira. Vivemos em um país de valores duvidosos, que só da valor ao que vem de fora, não respeita seus artistas e não investe na arte. No campo da dança, estamos em um país que não dá escolha aos seus artistas e tem de exporta-los por falta de investimento, estrutura e oportunidade.

Vamos ficar de braços cruzados assistindo a projetos como o Ballet Jovem do Palácio das Artes fecharem?

O Ballet Jovem é mais uma vítima absurda da falta de políticas públicas de cultura que salvaguardem o direito dos cidadãos à fruição de bens culturais de valor universal, responsáveis por formar, informar, promover conhecimento, cultura, memória e oportunidades de trabalho a jovens artistas. Depois de 8 anos de atividades intensas e um trabalho sério e de qualidade, o projeto foi encerrado com a alegação de falta de verba, mas o custo total para sua manutenção não passava de 20 mil reais. Há pouco mais de um mês deputados e senadores aprovaram o reajuste salarial para a próxima legislatura, que passou de R$ 26,7 mil para R$ 33,7 mil, fora todos os benefícios. Que país é este que gasta bem mais com um parlamentar que com um projeto que beneficiava mais de 30 jovens artistas?

Nós, da Cia Brasileira de Ballet, a maior formadora de bailarinos do país, mesmo com o reconhecimento do público e da crítica, tivemos que sair de nossa cidade natal, o Rio de Janeiro, para continuar nosso trabalho. Ainda assim, lutamos diariamente para vencer a carência de apoio e sensibilidade políticos.

Conscientes de que somos muito bem capacitados, vamos lutar pela nossa valorização, pela criação de um mercado nacional de trabalho para os profissionais da dança, fundação de novas companhias, abertura de novos teatros e surgimento de novos projetos de fomento à cultura. Só assim, nossos bailarinos terão a opção de ficar, porque hoje só lhes resta ir embora. Nós queremos ter escolha.

#ADANCAVALEMUITO