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Programa Balanço Geral - TV Record SP: Exigência de retratação pública da TV Record

Programa Balanço Geral - TV Record SP: Exigência de retratação pública da TV Record

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Esta petição foi criada por Wagner M. e pode não representar a visão da comunidade da Avaaz.
Wagner M.
começou essa petição para
Programa Balanço Geral - TV Record SP
À produção do programa Balanço Geral, da TV Record

A respeito da reportagem “Travesti é procurada após atacar com uma navalha moradores de Higienópolis (SP)” do programa Balanço Geral, veiculada no dia 19 de setembro (http&colon//r7.com/pSpW). A referida reportagem acusa uma travesti moradora de rua chamada Mishelly da autoria de um crime violento contra um jovem estudante no bairro Higienópolis, em São Paulo. Na esteira desta acusação, diz que haveria outras cinco vítimas da mesma pessoa, que seria conhecida nos bairros Santa Cecília e Higienópolis. Não são apresentadas mais quaisquer informações sobre esses cinco casos adicionais. Um repórter entrevista moradores do bairro para reforçar a ideia de que a acusada pelo programa se trata de pessoa violenta e perigosa, que tem como prática contumaz o crime e a abordagem violenta e ameaçadora aos transeuntes.

Não temos como saber quais critérios de edição foram levados em conta pela equipe do programa para traçar retrato tão ameaçador da Mishelly. Mas causa estranheza e perplexidade o fato de que um grande número de moradores da região a conheça há tempos e tenha dela a imagem de uma pessoa dócil, simpática, sorridente e carinhosa, mantendo relação de verdadeira amizade com ela, vista pelas ruas do bairro sempre bem‐humorado e disposta a uma conversa descontraída. É no mínimo curioso que no trabalho de campo da reportagem, colhendo impressões de moradores locais sobre a acusada cuja foto era mostrada pelo repórter para reconhecimento dos entrevistados, não tenha havido ninguém que tenha feito a relato de teor semelhante ao aqui apresentado.

Como é sabido, programas de TV que enfatizam questão da insegurança e da violência na metrópole exercem grande influência na opinião pública e, por isso mesmo, têm – ou deveriam ter – uma grande responsabilidade em suas mãos. Neste caso, baseados em uma denúncia frágil, antes de qualquer acusação formal e sem conceder direito à defesa, o programa expôs a foto e o nome da acusada. É dizer&colon condenou‐a antecipadamente, desrespeitando tanto o devido processo legal quanto as mais básicas noções éticas do jornalismo. Em consequência disso&colon manchou a honra de um ser humano, conscientemente expondo sua integridade física à sorte do revanchismo social, da vingança e de ditos “justiceiros” com as próprias mãos, tão comuns nos dias atuais, insuflados por programas midiáticos classificados como sensacionalistas.

O resultado foi que a referida reportagem passou a ser espalhada em grupos de moradores do bairro nas redes sociais, como um alerta contra a travesti violenta que andava levando terror ao bairro. Nenhuma informação poderia ser mais falsa e mais dolosa que essa. Mishelly, na vulnerabilidade comum a quem não tem um teto para abrigar‐se, passou a ser vista por parte das pessoas como persona non grata no bairro, buscou proteção da polícia, chegou a ser agredida e jurada de morte.

O apresentador do programa diz que ela estava foragida, mais uma informação errônea para o cabedal de inconsistências da reportagem. Ainda que acuada pelas acusações, ela permaneceu no bairro, o que lhe permitiu receber o apoio, a solidariedade e o carinho de dezenas, talvez centenas de moradores que a conhecem e a estimam, sabedoras de que a figura forjada na matéria da Record em nada lembram a pessoa que estão acostumadas a ver e conversar há anos no cotidiano das imediações do Largo Santa Cecilia.

As pessoas voluntariamente se mobilizaram em desagravo a Mishelly. Cartazes foram espalhados pelo bairro, dando conta que Mishelly é inocente. Mesmo as informações da aparência física do autor do crime não condiziam com Mishelly, a não ser o fato de ser travesti e moradora de rua. Mas, como todos sabem, essas iniciativas são muito pequenas frente ao poder midiático de uma emissora como a Record. Não é justo lançar o nome de um ser humano na lama, tratando‐o como criminoso violento baseado em alguns poucos indícios incertos, sem qualquer apuração e nem direito ao contraditório. A liberdade de imprensa é uma conquista valiosa da sociedade brasileira e do Estado Democrático de Direito. O exercício responsável e socialmente salutar dela é um dever de todo jornalista e, infelizmente, não foi observado no caso aqui exposto. As consequências negativas são inestimáveis e, quase sempre, irreversíveis, estigmatizando cidadãos e muitas vezes causando danos psicológicos, quando não físicos.

Pelos motivos acima expostos, os moradores do bairro Santa Cecília e arredores exigem da TV Record uma retratação pública, ocupando igual espaço e horário que a veiculação da matéria original.
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