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Dois estupros e uma gravidez

A Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara:

Como cidadãos brasileiros que amam e respeitam suas mulheres, nós exigimos que o senhor impeça que a Lei 12.845 seja votada e questionada em plenário. O direito a prevenir uma gestação fruto de estupro deve ser garantido a todas as brasileiras.

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Dois estupros e uma gravidez

Acabamos de receber esse apelo de um dos nossos membros -- leia e junte-se a ela na luta pela dignidade das vítimas de estupro:

"Cara Avaaz,

Quando fui estuprada pela primeira vez, eu nunca havia visto um pênis, nem em foto, nem em vídeo, somente desenhos nos livros de biologia da escola. Eu tinha quinze anos. Não me lembro os detalhes do estupro, mas me lembro bem dos três dias seguidos de calafrios, dores pelo corpo, dificuldade pra urinar e sentar, e uma dor de cabeça que não dava trégua. Durante 20 anos, a culpa e a vergonha não me abandonaram.

Três anos depois, não consegui evitar o segundo estupro. Se o primeiro havia me tirado quase todos os sonhos, o segundo me tirou a vontade viver, principalmente quando descobri que estava grávida de um monstro. Ingeri uma quantidade enorme de remédios na esperança de ter uma morte tranquila. O máximo que consegui foi uma lavagem estomacal e uma centena de sermões. E, no meu útero, continuava a crescer um feto que carregava metade do DNA do meu agressor. Sofri calada. Não tinha coragem de ir à polícia e me submeter aos constrangedores interrogatórios, exames médicos e julgamento que iria sofrer na delegacia. Por isso, pedi a um ex-namorado que me ajudasse com o aborto.

Hoje, a Lei 12.845 garante às mulheres estupradas aconselhamento gratuito nos hospitais, pílula do dia seguinte e todas as informações sobre como interromper a gravidez se quiserem. Eu queria ter tido essa sorte, minha dor teria sido menor e não teria colocado minha vida em risco. Mas deputados ultraconservadores querem anular essa lei. Venho aqui pedir a todos os membros da Avaaz que assinem essa petição e exijam que o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, garanta que esta lei seja mantida.


Desde que descobri a gravidez tinha pesadelos de que a criança era um monstro que consumia minhas vísceras ou nascia um demônio. Não consigo imaginar como amamentaria uma criança que seria metade do meu agressor. Tenho certeza que, toda vez que olhasse para o rosto dela, veria passar um filme na minha cabeça e vivenciaria repetidamente a angústia que passei durante aqueles instantes e a sensação de morte que tive nos braços dos meus estupradores.
Nenhuma criança mereceria ser tratada desta forma.

Foram necessários mais de 20 anos pra que pudesse falar sobre o assunto ou pensar nele sem que eu sentisse nojo de mim mesma, vontade de morrer ou de me machucar. Hoje, ainda trago marcas no corpo e na alma por conta dos estupros. No entanto, eu superei toda dor e medo, não tenho mais insônia nem acordo no meio da noite em sobressalto com pesadelos. Há mais de 5 anos não bebo (eu bebia muito), não tenho mais ideias suicidas (eu vivia planejando suicídio) e hoje consigo abraçar naturalmente, sem sentir náuseas pelo contato físico.

Infelizmente, outras mulheres não têm a chance que eu tive, algumas se suicidam, outras passarão ou passaram a vida inteira tendo uma vida de cão. Então, meu maior desejo é que outras meninas e mulheres não tenham de sofrer tudo que sofri calada, vencida e sem apoio. Por favor, assinem agora e vamos impedir que outras mulheres vivam este pesadelo. Vamos salvar a lei 12.845.

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