Prefeitura e câmara de vereadores: Diga não aos Megaeventos em São Thomé das Letras

Participamos do movimento popular TODOS PELA ÁGUA em São Thomé das Letras e pedimos seu apoio para a nossa luta em defesa dessa cidade com base no que iremos relatar a seguir. São Thomé das Letras é um pequeno município do sul de Minas Gerais que possui um importante patrimônio cultural e natural com uma população de 7 mil habitantes, divididos entre zona rural e urbana. A serra, que é um dos terrenos mais antigos do globo terrestre, é berço de numerosas nascentes, cachoeiras e ricas florestas no encontro dos biomas mais ameaçados do planeta; o Cerrado e a Mata Atlântica. Possui mais de 1.000 espécies de plantas registradas muitas delas raras e presentes na lista vermelha nacional de espécies em extinção, além de uma exuberante avifauna com mais de 290 espécies registradas. Na cidade e em suas adjacências a herança de povos indígenas é bastante expressiva, havendo concentração de significativos sítios de valor arqueológico e histórico. A arquitetura local, peculiar, ainda conta com diversos exemplares, construídos segundo técnica tradicional, com as pedras extraídas no alto da serra, sendo herança valorosa dos tempos do Brasil colonial e imperial.O povo é hospitaleiro com rica tradição e cultura, mas vem sentindo os impactos negativos decorrentes da realização cada vez mais frequente de grandes eventos responsáveis por triplicar o número de visitantes na cidade, que já recebe um número elevado de turistas em feriados. No feriado de Páscoa Abril de 2018, houve um festival que teve 12 horas de duração, mais de 20 mil pessoas visitaram o município de uma só vez, com seus carros, ônibus e vans, deixando um rastro de destruição e um triste saldo. Foram imagens desoladoras, representadas por lixo espalhado pelas ruas, áreas verdes e cachoeiras, aumentando a poluição e o risco de proliferação de doenças. No Parque Municipal Antonio Rosa (área protegida por Lei Municipal n° 777/97), que abriga espécies vegetais raras e ameaçadas de extinção, a vegetação foi pisoteada pela multidão que veio assistir ao pôr do sol,várias árvores de candeias foram cortadas para fogueiras e tivemos a ocorrência de um incêndio que queimou área de floresta preservada. O fornecimento de água pela Copasa também não suportou a carga de consumo nesse período e tivemos falta de água nas residências, pousadas e estabelecimentos comerciais da área urbana. Além disso, outras ocorrências como o aumento da violência, transito intenso na área urbana e nas estradas rurais gerando congestionamentos, barracas de camping em locais proibidos, toneladas de esgoto adicional lançados sem nenhum tratamento diretamente nos cursos de água, bem como muitos ônibus de excursão, levando grupos inteiros para as cachoeiras sem acompanhamento de guias credenciados; a capacidade de carga das cachoeiras localizada em APA ( Área de Preservação Ambiental ) que foi em muito excedida com a presença desse grande público, também fizeram parte do triste cenário.

Precisamos chamar atenção das autoridades para a necessidade de proteger todo esse patrimônio da serra de São Thomé das Letras para que digam NÃO à realização de novos megaeventos que incentivam o turismo de massa, e deste modo inviabilizam o turismo sustentável numa região que tem como vocação o misticismo, a espiritualidade, o trekking, a escalada, o rapel,os banhos de cachoeiras, a culinária típica mineira e todas as manifestações artísticas e culturais deste belo lugar! Solicitamos do Poder Publico Municipal um estudo da capacidade hoteleira do município para não haver super lotação, o que nos guiará para definir os eventos que serão aceitos. Convidamos a todos os que amam a nossa cidade e suas belezas a lutar pela sua verdadeira vocação, que é do turismo sustentável comprometido com as atuais e futuras gerações!

Precisamos do seu apoio, assine a petição e diga não a degradação, pois a cidade não tem infraestrutura necessária para receber as multidões de pessoas atraídas por esses megaeventos!