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Esta petição foi encerrada
Pelo Yoga Livre e contra o  PL 4282/2016 de regulamentação do exercício da atividade do Yoga

Pelo Yoga Livre e contra o  PL 4282/2016 de regulamentação do exercício da atividade do Yoga

Esta petição foi encerrada
50 Apoiadores

Tales N.
começou essa petição para
dep.carlosbezerra@camara.leg.br
O projeto de lei do 4282/2016 que propõe a regulamentação do exercício da atividade de Yoga é vago e dá margem a complicações sérias em sua aplicação.

Ele foi elaborado como resposta a uma das primeiras versões do mesmo projeto, promovida por um pequeno grupo com interesses escusos de apropriação pessoal do Yoga. Embora alguns detalhes do projeto de lei sejam diferentes (este fala que o Yoga visa o autoconhecimento, enquanto que a versão de 14 anos atrás falava na “hiperconsciência” como sendo o objetivo do Yoga; este não menciona a criação dos conselhos de fiscalização que estavam previstos na versão anterior do mesmo projeto, mas essencialmente, é o mesmo interesse de apropriação.

A insídia desta nova versão do projeto de lei é que ele não apenas cria reserva de mercado no âmbito do Haṭha Yoga, nem pára somente na tentativa de encampar todas as outras formas de Yoga existente. Ele também avança o Ayurveda, o Vedānta, o Tantra, o Jyotisha e todas as outras disciplinas que tenham nascido na Índia e envolvam práticas e autoconhecimento.

Segundo o projeto de lei, Yoga seria "qualquer metodologia prática, com origem na Índia, que conduza ao autoconhecimento”. Isto não abrange somente o que você entende como prática de Haṭha Yoga. Também se estende às formas de Jñana Yoga, de Vedānta, de Tantra, de Ayurveda, de Astrologia Védica e outras, desde que sejam oriundas da Índia, tenham algum tipo de prática e apontem para o autoconhecimento.

O próximo passo, aprovado este projeto de lei, será a criação dos órgãos fiscalizadores, as autarquias com poder de polícia e a perseguição de qualquer pessoa que não concorde com
este esquema ou não pague os dividendos solicitados pelos futuros proprietários do Yoga no Brasil.

PELO YOGA LIVRE

O Yoga é um conhecimento que está em constante transformação e sendo somado por diversas
ciências, especialmente depois que veio para o Ocidente. Mas é importante lembrarmos que o Yoga é um saber que está muito acima de qualquer conhecimento institucionalizado. É um saber prático e teórico tradicional riquíssimo adquirido numa relação que não precisa e nunca precisou perpassar nenhuma instituição formal para ter a sua validade de transformação do corpo, da mente e do coração.

Devemos ter cuidado para que as instituições não "amansem" o Yoga ou mesmo que o deturpem. Historicamente o Yoga sempre foi revolucionário, pela força que tem de transformar o nosso olhar sobre o mundo plantando sementes de mudanças em cada um. E, a meu ver, o Yoga continua abrindo e revelando no coração das pessoas novas possibilidades de viver e de ver o mundo, numa sociedade que tem pânico do diferente e de toda maneira tenta ou domá-lo ou excluí-lo.

Para preservar a sua força fundamental, acredito eu, o Yoga deve preservar a sua premissa básica, a liberdade. Liberdade de ensino por parte dos professores e liberdade de escolha por parte dos alunos e dos buscadores. Imagine uma pessoa
que passou 10 anos na Índia aprendendo Yoga com o seu professor, que aprendeu com o seu professor e assim sucessivamente. Esse professor ou professora não poderia voltar para o Brasil e ensinar livremente, sem vínculo a associação, Universidade ou Instituição superior qualquer? Ele não seria capacitado para isso? Ter que se adequar a uma instituição, qualquer que seja, tendo que buscar um aval para poder ensinar, seria uma agressão ao que o Yoga representa. Uma cultura, uma arte, uma visão de mundo que tem como fundamento a liberdade.

Acreditar no Yoga livre é acreditar na força do Yoga, é acreditar nas pessoas, no ser humano e na sua capacidade de iluminação, ou seja, de lucidez. Confiar que elas
tem a capacidade de encontrar o seu caminho de autoconhecimento por afinidade, intuição e bom senso. É acreditar que a incompetência e a falta de ética não
têm mais força do que a sinceridade, a prática, a ética e o estudo constantes.Muitos foram os que fugiram à ética do Yoga e foram expulsos do meio por uma autorregulamentação natural. Os grandes professores, esses nunca serão esquecidos pelo legado humano e escrito que
deixam. A regulamentação não é garantia alguma de que não haverá problemas éticos e de erros ou de incompetência no "exercício da profissão". Veja o que acontece em
diversas outras profissões regulamentadas no Brasil. Sem falar no perigo dos emaranhados políticos que os professores de Yoga podem ficar à mercê. Quem será ou serão os órgãos responsáveis por fiscalizar quem está ou não ensinando
"dentro da lei"?

Outro ponto importante diz respeito à escolha de um professor ou de um curso. Não devemos alimentar essa escolha por critérios institucionais. Escolher um professor de Yoga não é como, por exemplo, escolher uma pós graduação para fazer, em que hoje a maioria das pessoas pensa no certificado, na nota da instituição ou na área de mercado. A relação é completamente diferente. Envolve afinidade, reconhecimento e uma mescla de intuição e razão. Coisas que nenhuma instituição ou currículo podem explicar, mas apenas servir como uma primeira impressão e uma orientação à distância. E que geralmente fica cada vez mais e mais irrelevante à medida que se tem o contato pessoal e humano com o professor. É exatamente essa humanidade, essa relação pessoal e livre que o Yoga pode preservar, e que em raros meios encontramos, sobretudo no acadêmico,
em que as relações de poder tem muito mais força e estão cheias de vícios.

Pensar também que a regulamentação abrirá novos espaços deatuação é um engano. Esses espaços já estão abertos, apenas esperando por nós
professores de Yoga para ocupá-los, com criatividade, competência, confiança, ousadia e integridade. Não é o aval das ciências que dá força ao Yoga. É a força do Yoga que traz o aval das ciências. Como professores e professoras experienciamos a força do Yoga em nossas vidas e podemos ser veículos para que mais pessoas o experienciem. Para isso, não precisamos do aval ou da bênção de nenhum conhecimento externo, precisamos sim da ajuda deles para que somemos cada vez mais e mais sem perdermos a nossa essência de conhecimento tradicional e livre.




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