
DILMA VANA ROUSSEFF - Presidenta do Brasil / MINISTRO(A) DA CULTURA: RESGATE DA UTOPIA MUSEAL NO IBRAM
A Ilma.
Senhora,
Dilma Vana Rousseff
Presidenta do Brasil
Ao (A) Ministro (a) da Cultura
Nós abaixo assinados encaminhamos para conhecimento e providências o documento
“Resgate da Utopia Museal”.
Resgate da Utopia Museal
“Os museus brasileiros devem cumprir seu
papel de referencia e base para o futuro da cultura” Gilberto Gil Ministro da
Cultura (2003-2008).
Nós que há muito tempo nos reunimos em torno da construção de uma ideia de
política publica para os museus e memória no Brasil;
Nós que desde a Carta de Rio Grande em maio de 2002, lançamos as bases da
Política Nacional de Museus;
Nós mulheres e homens que ajudamos a construir um programa de governo do
presidente Lula em 2003, onde pela primeira vez, os museus e as memórias eram
tidas como relevantes para as políticas publicas culturais;
Nós que colaboramos na gestão do Ministro Gilberto Gil, como gestores e
militantes da Política Nacional de Museus lançada em Maio de 2003;
Nós que temos a Carta de Santiago de Chile de 1972, como referência para a
construção da função social dos museus e da memória;
Nós que construímos uma unidade ibero-americana como a Carta de Salvador da
Bahia, de 2007, com os museus para a
transformação social;
Nós que construímos ao longo desses 12 anos de governo de Lula e Dilma, os alicerces
da Política Nacional de Museus, com conquistas significativas para o setor
museológico brasileiro;
Nós que rompemos com uma forma tradicional de ver, e fazer os museus
brasileiros;
Nós que construímos uma política pública de museus que valorizou igualmente os
museus menores e as estruturas maiores, as tradicionais e as comunitárias;
Nós que valorizamos as artes, a historia, a ciência e tecnologia, cultura
popular e social, igualmente no campo dos museus, pois todas contribuem para a
construção da memória nacional;
Nós que conseguimos a valorização e ampliação do acesso aos museus e a memória
pela população e ampliamos os investimentos para o setor;
Nós que ao longo desses 12 anos chegamos a 3500 museus, no país ampliando em
10% nesse período;
Nós que nos apaixonamos, nos encantamos e conquistamos a Política Nacional
Museus, o IBRAM, o Estatuto de Museus, Ibermuseus, os cursos de graduação por
todo o país, os editais, os Pontos de Memória,o Plano Nacional de Educação
Museal, os Fóruns Nacionais, os Enemus, Conexões, as Semanas Nacionais de Museus,
as Primaveras de Museus;
Nós que somos militantes, partícipes e construtores dessas, e de inúmeras
conquistas para o campo dos museus e da memória;
Nós que temos uma Política Pública de Museus reconhecida nacional e internacionalmente;
Nós que conquistamos um instrumento republicano e democrático como Estatuto de
Museus, estabelecendo seleção pública para diretores dos museus nacionais, criando
a declaração de interesse público para preservar nossos acervos e instituições,
e demais instrumentos de consolidação do setor;
Nós que queremos retomar a energia criativa e criadora da Política Nacional de
Museus, consolidar seus instrumentos e ampliar sua atuação, acreditamos que:
É necessário um novo ciclo de conquistas, para que possamos avançar mais;
É necessário que a Política Nacional de Museus crie raízes profundas em todo
país com amplas parcerias com Estados e Municípios;
É necessária a ampliação e institucionalização como política publica dos Pontos
de Memória;
É necessária uma relação mais ampla com a sociedade fortalecendo a participação
da população nos destinos dos museus;
É necessário o fortalecimento das Associações de Amigos nos espaços museais;
É necessário o fortalecimento institucional do IBRAM e de seus instrumentos de
política pública, como também de valorização do seu corpo técnico funcional;
É necessário realizar seleções publicas, de todos os diretores de museus
nacionais, de forma qualificada e criteriosa, dando um exemplo de ação
transparente e republicana;
É necessário o fortalecimento orçamentário e de estrutura do IBRAM para fazer
valer os instrumentos da Política Nacional de Museus;
É necessário e urgente cumprir as metas do Plano Nacional Setorial de Museus;
É necessário fazermos cumprir os instrumentos do Estatuto de Museus, como a
Declaração de Interesse Publico;
É necessário o estabelecimento de políticas de aquisição de acervos museais;
É necessário estabelecer parcerias com os cursos universitários;
É necessária a valorização dos espaços de formulação de políticas públicas para
os museus e memória;
É necessário uma política de memória que valorize a ação dos movimentos sociais,
e sindical e da juventude;
É necessária a realização de ações que fortaleçam os profissionais de museus
que atuam no interior do país;
É necessário uma política de memória comprometida com a difusão dos resultados
da Comissão Nacional da Verdade, e com as metas do Plano Nacional dos Direitos
Humanos;
É necessária a criação do Fundo de Desenvolvimento dos Museus Brasileiros;
É necessário utilizar os espaços de memória com políticas comprometidas para
valorização e afirmação da democracia, da diversidade de raça, gênero,
religiosa, política, que valorize as mulheres, jovens e idosos;
Sabemos que um projeto democrático para o Brasil passa por uma política de
museus e memória comprometida com valores humanísticos de caráter publico, e
que abarque amplas camadas da população;
E isso é indicativo para uma direção do IBRAM que responda a esses desafios, e
que esteja comprometida com essa agenda política para o setor museológico e de
memória.
Queremos uma gestão que esteja comprometida com esses valores, ainda que se retome o caminho das conquistas e avanços dos últimos 12 anos da Política Nacional de Museus.
Esse é o nosso desejo, reencantar o setor museológico, para voltar a construir e militar juntos, em favor de uma Política Nacional de Museus, e que avancemos nessa direção, no próximo período de seu governo.