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Esta petição foi encerrada
Apoio aos professores do Colégio Santa Cruz
LUIZ A.
começou essa petição para
Opinião pública
Deixe aqui o seu apoio aos professores do Colégio Santa Cruz. O texto abaixo foi redigido por um grupo de pais e ex‐alunos da escola, mas esta petição é pública, todos podem assinar, indicando nome completo no site.
Prezados Diretores e Professores do Colégio Santa Cruz,
Nós, abaixo assinados, ex‐alunos e pais de alunos do Colégio Santa Cruz, temos assistido com grande preocupação à onda recente de críticas que têm sido dirigidas ao Colégio por parte de um grupo de membros de nossa comunidade. Essas críticas têm reverberado na mídia e nas redes sociais e, se não forem adequadamente respondidas, podem dar a equivocada impressão de que refletem o posicionamento consensual daqueles que se educaram no Colégio ou que, hoje em dia, escolheram confiar a educação de seus filhos a esta escola. Portanto, para evitar que essa enganosa percepção possa colocar em risco o projeto pedagógico do Colégio, resolvemos manifestar, neste momento, não apenas nossa opinião quanto aos temas que têm sido debatidos, mas sobretudo nosso apoio ao modo irrepreensível como o Santa Cruz tem se portado diante de todos esses eventos.
Estamos vivendo tempos difíceis, divididos. Tempos de polarização ideológica, de crise política, de crise econômica. Tempos de baixa tolerância com a diferença, de acirramento das certezas pouco refletidas, de associação do divergente com o inimigo. Em momentos assim, todas as instituições são postas à prova e não poderia ser diferente com o nosso Colégio. Esse “Espírito do Tempo” tem se manifestado em relação ao Santa Cruz de muitas formas, mas principalmente por meio de críticas a um suposto viés “socialista” que estaria presente nas leituras indicadas aos alunos e nas aulas ministradas pelos professores, pela cobrança de mais referências “de direita” no currículo, pela afirmação de que o Colégio estaria adotando uma postura excessivamente liberal e tolerante em temas de comportamento, gênero e sexualidade e, mais recentemente, por manifestações, por vezes agressivas, feitas em redes sociais e no próprio pátio do Colégio, contrárias à posição adotada pela maioria dos professores de aderirem à greve geral da última 6a feira.
Essas críticas e manifestações padecem de inúmeros problemas. Algumas, individuais e mais agressivas, beiraram inclusive as raias do preconceito e da falta de consideração e respeito pelo próximo. Contudo, o que se mostra igualmente grave é que todas essas manifestações – incluindo as mais moderadas – parecem ter comungado, implícita ou explicitamente, de uma mesma e equivocada concepção do que deva ser a relação entre a escola e a comunidade de pais. Ao contrário do que muitas das críticas parecem ter sugerido, nesta relação simplesmente não cabe que os pais ditem as linhas pedagógicas da escola.
O Colégio Santa Cruz possui uma história de 65 anos. Há mais de meio século vem praticando os mesmos valores fundamentais. Define‐se como uma “instituição de ensino humanista”, que quer formar “gerações de cidadãos críticos e atuantes” e, de forma coerente com esses objetivos, sintetiza sua proposta educacional no apreço ao conhecimento e à compreensão de seus limites, na fruição da arte e da literatura, no livre‐pensar, na autonomia aliada à consciência de pertencimento social, na responsabilidade frente às próprias escolhas e no cultivo da solidariedade.
A palavra “autonomia” aparece nada menos que 16 vezes no Plano Diretor do Santa Cruz e o Colégio sabe que é impossível construir essa autonomia intelectual e moral dos alunos se o exemplo não for dado pela própria escola. Sujeitos autônomos, livres e críticos só podem ser formados em um ambiente no qual ao corpo docente também seja concedida igual autonomia, liberdade e respeito ao pensamento crítico. O Santa Cruz respeita, portanto, a autonomia de seus professores e não está sozinho nisso. Pratica um princípio (a “liberdade acadêmica”) que está na base do sucesso de instituições centenárias no mundo todo. Um princípio que explica porque uma instituição de prestígio como a London School of Economics pode dar guarida a pensamentos tão opostos como os de Hayek e Amartya Sen, vendo‐os angariar os prêmios Nobel de 1974 e 1998 a partir de abordagens ideológicas diametralmente opostas. Ou porque Harvard acolheu ao mesmo tempo autores tão diferentes como Nozick e Rawls, criando um ambiente em que os dois puderam ser até amigos e colaborar com comentários sobre os trabalhos um do outro, apesar de divergirem frontalmente em seus posicionamentos ideológicos e visões de mundo.
Este tipo de pluralismo tem sido a marca do Colégio Santa Cruz desde sempre. Assim como tem sido sua marca o respeito à liberdade dos professores, à diversidade de modos de vida e às opções de cada um em termos de comportamento, gênero e sexualidade. Isso é muito importante. Isso constrói a identidade da escola. Isso não pode mudar.
Os pais de alunos abaixo‐assinados confiaram seus filhos ao Santa Cruz exatamente por acreditarem nos princípios e valores manifestados no Plano Diretor do Colégio, e por acreditarem na comprovada capacidade do Colégio de colocar em prática e implementar esses princípios e valores. Além disso, entendem que o corpo docente do Santa Cruz é formado por pessoas extraordinariamente capacitadas – e que estão, também, perfeitamente alinhadas com os objetivos do Colégio. Entendem que as professoras e professores do Colégio estimulam cada aluno a construir o próprio conhecimento a partir da reflexão crítica e do diálogo, transmitem paixão e compromisso pelo conhecimento, respeitam o embate de opiniões e argumentos, inspiram os alunos a conviver com a diferença e a aprender com ela. Todas as mães e pais abaixo‐assinados entendem que essas pessoas desempenham um trabalho excepcional na formação de seus filhos, inclusive por mostrarem a eles que as pessoas de bem podem pensar de maneiras distintas e que todos têm o direito de manifestar essas suas opiniões com liberdade e sem o receio de represálias ou censura.
A nosso ver, fiel a esses princípios, o Santa Cruz manteve, diante das críticas e manifestações recentes, uma posição institucional impecável. A direção soube manter‐se serena e fiel aos princípios que sempre nortearam a escola. Esses princípios (respeito ao ser humano e valorização da diferença de opinião, formação de cidadãos conscientes de seu tempo e críticos do seu entorno, garantia da independência – com excelência – das opções e abordagens dos professores em sala de aula) serão, no médio prazo, o melhor antídoto contra a polarização do presente. Por tudo isso, manifestamos nosso integral apoio e agradecemos à direção e ao corpo docente por seu exemplo de consistência pedagógica, respeito à pluralidade de opiniões e cidadania.
Prezados Diretores e Professores do Colégio Santa Cruz,
Nós, abaixo assinados, ex‐alunos e pais de alunos do Colégio Santa Cruz, temos assistido com grande preocupação à onda recente de críticas que têm sido dirigidas ao Colégio por parte de um grupo de membros de nossa comunidade. Essas críticas têm reverberado na mídia e nas redes sociais e, se não forem adequadamente respondidas, podem dar a equivocada impressão de que refletem o posicionamento consensual daqueles que se educaram no Colégio ou que, hoje em dia, escolheram confiar a educação de seus filhos a esta escola. Portanto, para evitar que essa enganosa percepção possa colocar em risco o projeto pedagógico do Colégio, resolvemos manifestar, neste momento, não apenas nossa opinião quanto aos temas que têm sido debatidos, mas sobretudo nosso apoio ao modo irrepreensível como o Santa Cruz tem se portado diante de todos esses eventos.
Estamos vivendo tempos difíceis, divididos. Tempos de polarização ideológica, de crise política, de crise econômica. Tempos de baixa tolerância com a diferença, de acirramento das certezas pouco refletidas, de associação do divergente com o inimigo. Em momentos assim, todas as instituições são postas à prova e não poderia ser diferente com o nosso Colégio. Esse “Espírito do Tempo” tem se manifestado em relação ao Santa Cruz de muitas formas, mas principalmente por meio de críticas a um suposto viés “socialista” que estaria presente nas leituras indicadas aos alunos e nas aulas ministradas pelos professores, pela cobrança de mais referências “de direita” no currículo, pela afirmação de que o Colégio estaria adotando uma postura excessivamente liberal e tolerante em temas de comportamento, gênero e sexualidade e, mais recentemente, por manifestações, por vezes agressivas, feitas em redes sociais e no próprio pátio do Colégio, contrárias à posição adotada pela maioria dos professores de aderirem à greve geral da última 6a feira.
Essas críticas e manifestações padecem de inúmeros problemas. Algumas, individuais e mais agressivas, beiraram inclusive as raias do preconceito e da falta de consideração e respeito pelo próximo. Contudo, o que se mostra igualmente grave é que todas essas manifestações – incluindo as mais moderadas – parecem ter comungado, implícita ou explicitamente, de uma mesma e equivocada concepção do que deva ser a relação entre a escola e a comunidade de pais. Ao contrário do que muitas das críticas parecem ter sugerido, nesta relação simplesmente não cabe que os pais ditem as linhas pedagógicas da escola.
O Colégio Santa Cruz possui uma história de 65 anos. Há mais de meio século vem praticando os mesmos valores fundamentais. Define‐se como uma “instituição de ensino humanista”, que quer formar “gerações de cidadãos críticos e atuantes” e, de forma coerente com esses objetivos, sintetiza sua proposta educacional no apreço ao conhecimento e à compreensão de seus limites, na fruição da arte e da literatura, no livre‐pensar, na autonomia aliada à consciência de pertencimento social, na responsabilidade frente às próprias escolhas e no cultivo da solidariedade.
A palavra “autonomia” aparece nada menos que 16 vezes no Plano Diretor do Santa Cruz e o Colégio sabe que é impossível construir essa autonomia intelectual e moral dos alunos se o exemplo não for dado pela própria escola. Sujeitos autônomos, livres e críticos só podem ser formados em um ambiente no qual ao corpo docente também seja concedida igual autonomia, liberdade e respeito ao pensamento crítico. O Santa Cruz respeita, portanto, a autonomia de seus professores e não está sozinho nisso. Pratica um princípio (a “liberdade acadêmica”) que está na base do sucesso de instituições centenárias no mundo todo. Um princípio que explica porque uma instituição de prestígio como a London School of Economics pode dar guarida a pensamentos tão opostos como os de Hayek e Amartya Sen, vendo‐os angariar os prêmios Nobel de 1974 e 1998 a partir de abordagens ideológicas diametralmente opostas. Ou porque Harvard acolheu ao mesmo tempo autores tão diferentes como Nozick e Rawls, criando um ambiente em que os dois puderam ser até amigos e colaborar com comentários sobre os trabalhos um do outro, apesar de divergirem frontalmente em seus posicionamentos ideológicos e visões de mundo.
Este tipo de pluralismo tem sido a marca do Colégio Santa Cruz desde sempre. Assim como tem sido sua marca o respeito à liberdade dos professores, à diversidade de modos de vida e às opções de cada um em termos de comportamento, gênero e sexualidade. Isso é muito importante. Isso constrói a identidade da escola. Isso não pode mudar.
Os pais de alunos abaixo‐assinados confiaram seus filhos ao Santa Cruz exatamente por acreditarem nos princípios e valores manifestados no Plano Diretor do Colégio, e por acreditarem na comprovada capacidade do Colégio de colocar em prática e implementar esses princípios e valores. Além disso, entendem que o corpo docente do Santa Cruz é formado por pessoas extraordinariamente capacitadas – e que estão, também, perfeitamente alinhadas com os objetivos do Colégio. Entendem que as professoras e professores do Colégio estimulam cada aluno a construir o próprio conhecimento a partir da reflexão crítica e do diálogo, transmitem paixão e compromisso pelo conhecimento, respeitam o embate de opiniões e argumentos, inspiram os alunos a conviver com a diferença e a aprender com ela. Todas as mães e pais abaixo‐assinados entendem que essas pessoas desempenham um trabalho excepcional na formação de seus filhos, inclusive por mostrarem a eles que as pessoas de bem podem pensar de maneiras distintas e que todos têm o direito de manifestar essas suas opiniões com liberdade e sem o receio de represálias ou censura.
A nosso ver, fiel a esses princípios, o Santa Cruz manteve, diante das críticas e manifestações recentes, uma posição institucional impecável. A direção soube manter‐se serena e fiel aos princípios que sempre nortearam a escola. Esses princípios (respeito ao ser humano e valorização da diferença de opinião, formação de cidadãos conscientes de seu tempo e críticos do seu entorno, garantia da independência – com excelência – das opções e abordagens dos professores em sala de aula) serão, no médio prazo, o melhor antídoto contra a polarização do presente. Por tudo isso, manifestamos nosso integral apoio e agradecemos à direção e ao corpo docente por seu exemplo de consistência pedagógica, respeito à pluralidade de opiniões e cidadania.
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