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(Manifesto pela Vida na e da UFGD)

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Esta petição foi criada por Simone B. e pode não representar a visão da comunidade da Avaaz.
Simone B.
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Simone (Becker)
Desde o início da pandemia, o ensino remoto tem assombrado a UFGD de diversas formas. Para entendermos porque neste momento devemos refutar as atividades remotas, sejam elas quais forem, na graduação e pós-graduação, há que nos contextualizarmos minimamente frente aos fatos sociais e ao crescimento da curva de disseminação da Covid-19 - e suas mutações em solos douradenses (e cercanias). Isto porque, há que lembrarmos que os índices de disseminação do Coronavírus são propositadamente omitidos pelo governo federal, e não só.
Quem tem suas mortes invisibilizadas atrás dos números frios das estatísticas[i], cada vez mais alarmantes e recordistas da pandemia no pandemônio que está/é o Brasil? Algo, aliás, que piora exponencialmente a vida de milhões de pessoas desprivilegiadas de recursos materiais, “os pobres”, e que são parte da comunidade UFGD(eana), cujas vidas tendem a ser ceifadas mais rapidamente.
Ninguém fica pra trás!
Você filiado/a ao sindicato de professores da UFGD - AdufDourados, se lembra?  Da reunião virtual histórica, ocorrida no dia 05.06.2020, quando uma das professoras compartilhou a importância da UFGD tomar a FAIND como se o seu todo fosse, em meio a esta carnificina, para nos guiar em toda e qualquer reflexão sobre atividades remotas na pós ou na graduação?
Você conhece a agudez da precarização proposital que o Necroestado genocida brasileiro, e as frentes de expansão do capitalismo produzem desde sempre sobre os corpos e as vidas dos indígenas? 
E, aqui, sobretudo[ii]?
Você se lembra da campanha que circulou o mundo, de que todos somos Kaiowá e Guarani, face ao massacre que desde sempre eles sofrem na pele e na alma?
Se não, saiba que a biblioteca da UFGD tem muitos trabalhos de pesquisas científicas voltadas a estes e outros tão urgentes temas para a atualidade[iii].
Acesse a nossa biblioteca virtual[iv] enquanto há milhões de artigos disponíveis gratuitamente pela internet, bem como, o site de todos os Programas de Cursos de Mestrado e Doutorado. Em especial, nas ciências humanas da UFGD, incluindo, o nosso todo, FAIND.
Rememoremos: toda e qualquer atividade remota para quem mora na periferia urbana, nos assentamentos ou nas aldeias indígenas, daqui ou do resto do Brasil, acarretará deslocamentos por parte desses nossos estudantes.
Temos estudantes de todos os cantos do país, em sua diversidade, inclusive de agonia e de sofrimento, atualmente. Qualquer deslocamento por parte destes estudantes para que acesso à conexão de internet seja feito, será para local onde as aglomerações acontecerão. 
E eis, que o objetivo por parte do governo federal (estadual e municipal) é de fato que quem habita a periferia destes rincões brasileiros morra!
Afinal, não foi o nosso presidente, o senhor Bolsonaro, quem disse:
 “E daí? Eu lamento![...][v]”.
“Lamento!”?
Não ao léu, no dia 17 de junho de 2020, o então ministro da Educação, chancelou o cancelamento da portaria 13 de 11 de maio de 2016 que previa a inclusão de negros (pretos e pardos), indígenas e pessoas com deficiência em programas de pós-graduação (Mestrado, Mestrado Profissional e Doutorado) das IFES. Ignorando ou não decisão histórica de nosso STF (Supremo Tribunal Federal) que sentencia serem as ações afirmativas constitucionais, o estrago pela economia do terror é/está feito!  
Deslegitima-se pelo apagamento a luta exaustiva dos movimentos pela conquista das ações afirmativas neste país racista estruturalmente[vi]!
Mata-se, também, na alma!
Você já desviveu cada dia um pouco nas vísceras de sua alma?
Ninguém fica pra trás, é o lema. É a nossa bandeira.
Você sabia, que a UFGD é a única Universidade do Estado de Mato Grosso do Sul, a ter uma FAIND? Você sabe quem é a FAIND? “Esclarecemos[vii]” com todo o orgulho: Faculdade Intercultural Indígena que congrega dois cursos de licenciaturas (Teko Arandu e Licenciatura em Educação do Campo) e um dos
mais, se não, o mais concorrido mestrado de nossa universidade. Dentre todas as áreas, o PPGET (Mestrado em Educação e Territorialidade) teve quase noventa inscritos.
Você sabia? Você sabia que os indígenas e as indígenas também estão cada vez mais, por méritos próprios e às ações afirmativas, cursando outros cursos que não só na FAIND? A quem tanto se deseja expulsar da UFGD (e não só), aos brados dizendo “rouba(ra)m as vagas dos meus filhos”?
Quais são a cor, a raça e a classe do racista?
Ela veste a cor branca e tem privilégios[viii]!
Vocês sabiam? Do vergonhoso e mortificador acordo extrajudicial entre o MPF e Reitoria Interventora da UFGD, na reintegração de jovens brancos que
fraudaram criminosamente o sistema de cotas[ix] ?
Roubaram vagas, no privilégio da branquitude, de jovens negros e negras, não é? Quem rouba o que e de quem? Quem invade terra de quem?
Quem vocês querem expulsar da UFGD e matar em seus bairros de periferia e aldeias?
Quem é a raça branca que nega a Covid-19 e agiliza a internação compulsória indígena nas aldeias em Dourados e cercanias[x]?
Quem, da raça branca, deseja continuar matando quem?
Ninguém solta a mão de ninguém na rede de apoio virtual e físico/presencial, pois também nas barreiras somos nós professores, estudantes e servidores técnicos da UFGD, quem tecemos ensino, pesquisa e extensão em meio à pandemia.
Você sabia?
Conhecimento científico se tece através de acolhimento em tempos de Guerra que estamos, porque dela aqui no MS nunca saímos...
Saber que é poder, se faz também com reflexão posta na prática pelas ciências sociais (aplicadas) e humanas.
Olho no olho, mesmo com máscara, quando se morre sem assistência, é remédio e vacina. (Quem viu um dos seus bem-quereres desviver pra sempre, em casa ou no hospital, sabe por sentir na pele-alma).
Saibamos das palavras da médica e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo[xi], uma das colaboradoras da rede Globo (no horário mais nobre), que quando questionada sobre o caos da pandemia no pandemônio que é o Brasil foi categórica em suscitar algumas coisas/premissas vitais.
A primeira é a de que não são respiradores per si que salvam vidas nos hospitais, pois é gente que salva vida de gente. A segunda é a de que perdemos o time/tempo de termos dado exemplo para o resto do mundo em
relação à Covid-19, na soma de esforços mundiais. Você não sabia? É, infelizmente, não exportaremos tecnologia social em forma de combate à Covid-19, porque não fizemos isolamento social radical como e quando deveria ter sido feito – com organização e suporte governamental, tendo o SUS ao nosso dispor.
Dispensamos em tempos de Bolsonaro, e não só, a tão valiosa solidariedade.
Sociedade é um circuito de afetos, queiramos ou não!
Se vidas estão ainda sendo salvas, devemos ao SUS.
SUS é feito de braços. Abracemos os AbraSUS do SUS em toda e qualquer decisão nossa agora, ao desejarmos ser a favor de atividades remotas. Elas matarão ainda mais. Se ainda não literalmente, certamente já na alma.
Você sabia que Itália, Espanha, Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos torceriam por ter um SUS, para terem saído da curva de crescimento da Covid-19 mais cedo ou de outra maneira? Você sabia que o Sistema Único de Saúde (SUS) é o guerreiro incorporado em milhares de agentes públicos, os agredidos servidores públicos que estão dando suas vidas em meio a esta carnificina?  E de todos os seus familiares?
“E daí? Eu lastimo!” Frase assassina do presidente, senhor Bolsonaro, após pergunta do recorde vindo pela 10.000 morte de Covid-19 neste pandemônio!
Você sabia que o SUS e todas as suas conquistas vêm de um legado também do Movimento de Luta Antimanicomial (MLA)? Quem está internando e interditando quem aqui em Dourados? Você sabia por que esta medida extrema de internação compulsória teve que ser adotada pelo MPF? Porque no limite, somos nós quem podemos (e devemos) nos isolar, com nossos privilégios e na soma de esforços solidários, que(m) ignoramos e invisibilizamos estas dores e sofrimentos.
Implantar qualquer atividade remota na UFGD, agora, acalenta a quem e a quais interesses?
A volta da lógica dos manicômios não se presta para conter só a pobreza, para quem crê nesta máxima evolucionista (social). Cultivemos memória! Isso é remédio das ciências humanas e sociais. Memória de que nesse país raça estrutura classe, já diria a filósofa e intelectual negra, Sueli Carneiro[xii]!
Ou a UFGD e suas Faculdades que somos nós, se dizem “todos e todas somos Faind/UFGD” ou a história vai nos cobrar! A nós nunca! Quem no coletivo soma para multiplicar esforços pelos conceitos-ferramentas que os livros nos dispõem!
 Se perdedores ou vencedores, o que importa neste jogo da vida é que de tudo restará um pouco. E este pouco agora, como diria o poeta Carlos Drummond de Andrade[xiii] é o vigor da luta!
Pelo direito de se ter luto pelas angústias que atravessam a todxs os corpos e as almas de nossos terceirizados, estudantes, servidores técnicos e professores em tempos de pandemia [xiv]!
Há que lutarmos pela manutenção da suspensão do calendário acadêmico, maturando toda e qualquer atividade voltada aos estudantes, com muito debate e não goela abaixo como tem se dado!
Você sabia?
Nosso DNA na UFGD é presencial [xv]!
Assine a coautoria deste manifesto, se desejar somar
na visibilidade desta movimentação autônoma pela Vida na e da UFGD, mas independentemente, some abraSUS nesta rede de esforços para que ninguém fique para trás!
#ForaBolsonaro#
#ForaReitoriaInterventora#
[i] A antropóloga Débora Diniz (https://www.youtube.com/watch?v=O4_Rm50-MfM&t=484s) produziu um relicário da história de vida das mulheres mortas de Covid-19, na invisibilidade corriqueira deste país racista, incluindo muito provavelmente a da empregada doméstica carioca que contraiu a doença de sua patroa, recém-chegada da Itália. Quem viveu e quem morreu? É “óbvio” que foi a mulher empregada doméstica negra quem morreu, e a patroa, também com Covid-19, porque será que sobreviveu? Lembremos de Lélia Gonzalez, psicanalista, historiadora, antropóloga e militante-intelectual negra, em seu artigo publicada na revista da ANPOCS em 1984, “Racismo e sexismo na cultura brasileira”, quando tece a navalha com que a tríade mulata, doméstica e mãe preta atravessa os corpos de meninas e mulheres negras no Brasil, desde sempre. (https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/247561/mod_resource/content/1/RACISMO%20E%20SEXISMO%20NA%20CULTURA%20BRASILEIRA.pdf).  
[ii] Sugerimos breve sobrevoo pelo documentário: “À sombra de um delírio verde” (https://www.youtube.com/watch?v=2NB61WU1WfM&t=798s).
[iii] ANZOATEGUI, Priscila (2017). “SOMOS TODAS GUARANI-KAIOWÁ”:
ENTRE NARRATIVAS (D)E RETOMADAS AGENCIADAS POR MULHERES GUARANI E KAIOWÁ SUL-MATO-GROSSENSES. Dissertação (Mestrado em Antropologia). Universidade Federal da Grande Dourados. Dourados/MS; JOHNSON, Felipe Mattos (2019). PYAHU KUERA: uma etnografia da resistência jovem Guarani e Kaiowá no Mato Grosso do Sul. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados. Para além destas dissertações, convidamos a todos para flanar por entre as inúmeras produções de intelectuais indígenas (mestres, doutores e pós-doutores), cujas pesquisas
foram feitas vinculadas (ou não) à UFGD.
[iv] https://portal.ufgd.edu.br/setor/biblioteca/livros-eletronicos
[v] Não são necessárias referências, pois já se tornou domínio público mundial.
Infelizmente.
[vi] Sugerimos a leitura dos escritos de Silvio Almeida e Juliana Borges, intelectuais negros que contribuem para o aprofundamento das discussões sobre, por exemplo, racismo estrutural.
[vii] Que advém de tornar mais claro, mais transparente, quiçá branco!
[viii] Por força das discussões de classe
ix] https://www.douradosnews.com.br/dourados/justica-barra-acordo-que-reintegrou-estudante-de-medicina-acusado-de/1128489/
[x] https://www.progresso.com.br/cotidiano/justica-determina-internacao-compulsoria-de-indigenas-com-covid-19-em/373503/
[xi] https://brasil.elpais.com/brasil/2020-06-17/el-pais-entrevista-margareth-dalcomo-da-fiocruz-sobre-a-pandemia-ao-vivo-nesta-quinta-feira.html
[xii] https://revistacult.uol.com.br/home/sueli-carneiro-sobrevivente-testemunha-e-porta-voz/
[xiii] https://contobrasileiro.com.br/residuos-poema-de-carlos-drummond-de-andrade/
[xiv] Como bem coloca a filósofa Judith Butler em Quadros de Guerra: quando a vida é passível de luto? Eis a dor que invisibilizamos, como de tantas e milhares de mulheres mães negras de periferia, como às de maio, em memória da carnificina que há tempos a polícia faz contra a juventude negra e indígena deste país. Sem esquecer também da raça branca, mas na periferia, a maioria não é branca.
[xv] Recentemente a UFPR lançou a campanha para tempos de pandemia, “O DNA da UFPR é presencial” -   https://twitter.com/UFPR/status/1273737216116826112. Trata-se de
propostas que nos auxiliam e incitam a pensar caminhos para que ninguém fique pra trás! Há também na mesma universidade, a UFPR, o projeto conVIDA que nos desperta para sentidos outros possíveis.  (http://convida.ufpr.br/portal/).  
 Profa. Dra. Simone Becker – UFGD/CNPq.

 
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