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Jornal Folha de São Paulo: Explicação sobre retirada do ar de publicação
Maria D.
começou essa petição para
Jornal Folha de São Paulo
AO JORNAL FOLHA DE S. PAULO
Nós, mulheres brasileiras, signatárias dessa carta, vimos por meio desta cumprimentar a coragem e sensibilidade da autora da publicação no blog #AgoraÉQueSãoElas, sobre assédio sexual, no dia de hoje (31/03/2017).
Ao mesmo tempo, fomos surpreendidas e cobramos explicações deste veículo de comunicação sobre os motivos para a retirada do ar da referida publicação. O texto trazia um forte e emocionado relato de assédios sofridos pela figurinista Su Tonani por parte do ator José Mayer, ambos funcionários da TV Globo.
Certamente o que levou Su a fazer esse desabafo é a necessidade de não deixar casos como esse, que infelizmente vitimam mulheres e meninas a todo instante, debaixo do tapete do machismo que sempre tenta minimizar estes episódios.
Não temos dúvidas de o quanto foi difícil para a figurinista fazer tal desabafo. Mais difícil ainda foi ter vivenciado algo tão perverso e repugnante, de acordo com o relato dela própria. No entanto, ela teve a coragem de tornar isso público.
Muitos poderão dizer que seria necessário ouvir o ator. Certamente não faltarão espaços para que ele fale. A vítima mulher é sempre silenciada e o #AgoraÉQueSãoElas cumpriu um especial e inestimável papel para todas as mulheres que veem um filme de suas próprias vidas relatado na situação vivenciada por Su Tonani.
Reconhecemos o blog como um espaço das mulheres. Deixem‐nos ver nossos rostos, escritas, dores e alegrias nele, como mulheres.
Não tirem do ar um relato dramático. E se todos os demais espaços são masculinos, permitam às suas leitoras continuarem contando com esse que corajosamente é "em favor das mulheres".
A retirada do texto ‐ que não é uma matéria, mas um testemunho pessoal ‐ poucas horas após sua publicação, causa estranheza e merece esclarecimentos. Nós mulheres já rompemos muitas barreiras nessa sociedade que tenta nos calar a todo momento. Seguimos rompendo a cada dia quando nos insurgimos contra o machismo, a misoginia e a violência que sofremos diariamente. E estamos dispostas a seguir rompendo toda e qualquer tentativa de intimidar nossas lutas e nossos pedidos de socorro, que não são individuais, pois quando uma levanta a voz, muitas outras sentem‐se encorajadas a não tolerar mais os assédios e a violência.
Importante ressaltar ainda que assédio sexual é crime, conforme estabelecido pela Lei 10.224/2001. O caso, portanto, deverá ser tratado no âmbito jurídico, com ampla possibilidade de oitiva dos envolvidos, de testemunhas e também de defesa. Esse é o julgamento que necessita ser feito. Mas ocultar o relato da vítima sem nenhuma justificativa causa estranheza, o que motiva esta carta em que solicitamos explicações da Folha de S. Paulo.
31 de março de 2017
Assinam a carta:
Maria do Rosário, deputada federal
Margarida Salomão, deputada federal
Kátia Angélica, advogada
Fernanda Takai, cantora
Gabriella Gualberto, jornalista
Andrea Nathan, jornalista
Maria do Carmo, professora
Stael Santana, professora UFMG
Taciana Barros, música
Laryssa Sampaio, Levante Popular da Juventude
Andrea Castello Branco, jornalista
Carolina Kasting, atriz
Manuela D'Ávila, deputada estadual
Vanessa Grazziontin, senadora
Ana Flavia Gussen, jornalista
Jandira Feghali, deputada federal
Ana Estela Haddad, professora
Lidice da Mata, senadora
Maria de Fátima Mendonça, Enfermeira
Elisa Carvalho Lauer, engenheira agrônoma
Ana Paula Siqueira, Relações Públicas
Flávia Gianini, jornalista
Ana Petta, atriz
Maeve Jinkings, atriz
Flavia Lacerda, diretora de TV
Olivia Byington, cantora
Danielle Kattah, produtora de eventos
Fátima Bezerra, senadora
Thania Queiroz, administradora de empresas
Márcia Tiburi, filosofa
Dandara Ferreira, cineasta
Aline Calixto, cantora e compositora
Renata Galvão, produtora executiva
Jô Moraes, deputada federal
Vânia Catani, produtora de cinema
Pally Siqueira, artista plástica e atriz
Marilena Garcia, educadora e ex‐vereadora
Eleonora Menicucci, ex‐Ministra de Política para as Mulheres e professora titular UNIFESP
Fatima Bezerra, senadora
Nadine Borges, advogada
Claudia Pereira Dutra, professora e ativista de Direitos Humanos
Rosilene Rocha, gestora pública
Elen Braga, Assistente Social
Isa Penna, vereadora SP
Mônica Lima, professora
Ana Carolina Andrade, jornalista
Deise Benedito, especialista em gênero e raça
Carina Vitral, Presidenta da UNE
Maria Laura Pacheco, estudante
Thassia Alves, jornalista
Rosana Maris, atriz e produtora cultural
Rosilene Rocha, gestora pública
Vanessa Oliveira, jornalista
Stella Florence, escritora
Mônica Martelli, atriz
Pilar Lacerda, educadora
Wallace Ruiz, atriz
Natália Szermeta, MTST
Natalia Almeida Fares, socióloga
Ana Moser, atleta
Sâmia Bomfim, Vereadora de SP
Guta Nascimento, jornalista
Gabriela Agustini, jornalista
Camila Agustini, roteirista
Julita Lemgruber, socióloga
Natália Lage, atriz
Eliane Dias, advogada
Leticia Sabatella, atriz
Bella Fernandes, dançarina
Gleisi Hoffmann, senadora
Nós, mulheres brasileiras, signatárias dessa carta, vimos por meio desta cumprimentar a coragem e sensibilidade da autora da publicação no blog #AgoraÉQueSãoElas, sobre assédio sexual, no dia de hoje (31/03/2017).
Ao mesmo tempo, fomos surpreendidas e cobramos explicações deste veículo de comunicação sobre os motivos para a retirada do ar da referida publicação. O texto trazia um forte e emocionado relato de assédios sofridos pela figurinista Su Tonani por parte do ator José Mayer, ambos funcionários da TV Globo.
Certamente o que levou Su a fazer esse desabafo é a necessidade de não deixar casos como esse, que infelizmente vitimam mulheres e meninas a todo instante, debaixo do tapete do machismo que sempre tenta minimizar estes episódios.
Não temos dúvidas de o quanto foi difícil para a figurinista fazer tal desabafo. Mais difícil ainda foi ter vivenciado algo tão perverso e repugnante, de acordo com o relato dela própria. No entanto, ela teve a coragem de tornar isso público.
Muitos poderão dizer que seria necessário ouvir o ator. Certamente não faltarão espaços para que ele fale. A vítima mulher é sempre silenciada e o #AgoraÉQueSãoElas cumpriu um especial e inestimável papel para todas as mulheres que veem um filme de suas próprias vidas relatado na situação vivenciada por Su Tonani.
Reconhecemos o blog como um espaço das mulheres. Deixem‐nos ver nossos rostos, escritas, dores e alegrias nele, como mulheres.
Não tirem do ar um relato dramático. E se todos os demais espaços são masculinos, permitam às suas leitoras continuarem contando com esse que corajosamente é "em favor das mulheres".
A retirada do texto ‐ que não é uma matéria, mas um testemunho pessoal ‐ poucas horas após sua publicação, causa estranheza e merece esclarecimentos. Nós mulheres já rompemos muitas barreiras nessa sociedade que tenta nos calar a todo momento. Seguimos rompendo a cada dia quando nos insurgimos contra o machismo, a misoginia e a violência que sofremos diariamente. E estamos dispostas a seguir rompendo toda e qualquer tentativa de intimidar nossas lutas e nossos pedidos de socorro, que não são individuais, pois quando uma levanta a voz, muitas outras sentem‐se encorajadas a não tolerar mais os assédios e a violência.
Importante ressaltar ainda que assédio sexual é crime, conforme estabelecido pela Lei 10.224/2001. O caso, portanto, deverá ser tratado no âmbito jurídico, com ampla possibilidade de oitiva dos envolvidos, de testemunhas e também de defesa. Esse é o julgamento que necessita ser feito. Mas ocultar o relato da vítima sem nenhuma justificativa causa estranheza, o que motiva esta carta em que solicitamos explicações da Folha de S. Paulo.
31 de março de 2017
Assinam a carta:
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