Não deixe o Covid-19 chegar em São Tomé das Letras!!!

Contra a abertura das pedreiras para trabalhadores de cidades vizinhas a São Tomé!

Estamos realizando esta petição porque a justiça em Três Corações deu ganho de causa à pedreira do Sr. José Capistrano autorizando o funcionamento, inclusive com contratação de funcionários de outros municípios que já contam com vários casos de Covid-19, além de já termos a maior cidade vizinha declarado estado de calamidade pública, a região tem sido assolada pelo Covid-19, com o esforço de todos estamos sem nenhum caso em São Thomé das Letras.

Consideramos preocupante o contato de nossos moradores com pessoas de outros municípios, pois sabemos que não temos tratamento hospitalar na cidade e há muitas pessoas com problemas pulmonares que são do grupo de risco.

Embora distante 17 km do centro urbano de São Thomé das Letras o Pico do Gavião fica próximo do distrito de Sobradinho e do aglomerado rural chamado Barra Mansa, propiciando o contagio aos nossos cidadãos. Vale ressaltar, que entrarão nas pedreiras moradores de cidades com alto índice de contaminação, aumentando seriamente a contaminação dos trabalhadores que moram em São Thomé e suas famílias. Muitos trabalhadores moram nas localidades mencionadas e por toda a zona rural, implicando em contato direto com suas famílias e com nossos moradores, que vêm fazer compras ou se consultar na zona urbana.

Está cientificamente comprovado que o processo de contaminação pelo corona vírus é extremamente rápido e, particularmente no Brasil, temos uma relação de até oito contágios por pessoa contaminada (estudos divulgados pela Fiocruz), sabemos que uma vez que qualquer trabalhador da pedreira entre em contato com o vírus (inclusive na sua forma assintomática), sua disseminação na cidade será imediata, abrangente e sem condições de controle e tratamento. E estamos reiterando que pedra decorativa NÃO É SERVIÇO ESSENCIAL.

Nosso município exerce a atividade mineradora que por muitos anos foi a principal fonte de renda, em decorrência disso e da inoperância das mineradoras em cuidar da saúde de seus funcionários, há um grande número de moradores portadores de silicose, uma síndrome pulmonar que em seu terceiro grau leva a insuficiência respiratória e à morte. Apenas recentemente, o Ministério da Saúde e do Trabalho obrigaram as empresas a fazerem exames clínicos e exames radiográficos de seis em seis meses para detectar a doença pulmonar em seus extratores que trabalham cotidianamente expostos a poeira fina da pedra São Thomé/Quartzito. É fácil conseguir os dados da quantidade de trabalhadores afastados da atividade mineraria junto aos órgãos competentes, pois essa doença petrifica os alvéolos dos pulmões, não há cura. Quando a doença é detectada no início, a pessoa fica marcada, mas consegue levar uma vida normal fora da mineração, mas se torna grupo de risco para o corona vírus /COVID19.

Alem disso, sabemos que o município tem como referência o Hospital São Sebastião, possui apenas uma Unidade Mista de Saúde bastante deficitária em relação a primeiros socorros, não tem recursos físicos, materiais e humanos para diagnóstico e tratamento no caso de uma contaminação em massa. Importante lembrar que o município de Três Corações acaba de decretar Situação de Calamidade Pública. Não contamos com equipe de fiscalização suficiente para atender demanda local no cumprimento das normas de prevenção mesmo antes da pandemia, ainda menos fiscalizar empresas mineradoras a 17 km do município dentro das condições específicas deste momento histórico. Nesse sentido cabe informar que o uso de máscaras na extração é EPI (Equipamento de Proteção Individual) exigido pelo Ministério da Saúde há mais de 10 anos, mas devido a exaustão da atividade, do calor excessivo, os trabalhadores optam por não a usarem, além de que há muitos relatos de homens que precisam comprar seus EPIs, pois as mineradoras não oferecem regularmente esses materiais.

A exploração do trabalhador pelos proprietários da mineração é histórica no município, o fortalecimento do setor turístico deu a oportunidade de escolha aos nossos jovens que preferem deixar a mineração e sua condição de explorados. Essa escolha levou a necessidade de contratação de trabalhadores que preferem, ou melhor, precisam viajar uma hora em ônibus fretados e empoeirados para não ficarem desempregados em seus municípios que não oferecem opção de trabalho além das colheitas sazonais, como é o caso de Luminárias, São Bento Abade e Cruzília. Essa viagem já expõe ao contágio.

Mais especificamente em relação à orientação da OMS e outros órgãos a prefeitura municipal decretou a manutenção de barreira sanitária para qualquer pessoa não residente em São Thomé das Letras, assim como, para todos os turistas que escolhem nossa cidadezinha de pedra para relaxar e lazer. Há mais de dois meses as pousadas, restaurantes, lojas de artesanatos estão fechados, a feira de artesanato e visitas às cachoeiras permanecem proibidas. Devido a todas essas medidas que custaram e ainda estão custando caro para todos aqueles que sobrevivem do turismo. Estamos em uma condição extremamente favorável e que poucos municípios hoje dispõe no país, não temos NENHUM caso e isso é fruto de um trabalho contínuo da prefeitura e de conscientização da população, para que as vidas aqui também não virem números, como infelizmente estamos vendo no país inteiro. Precisamos que a justiça defenda a vida, proteja a vida! E estamos aqui, em nome da população, pedindo para que não nos coloque em risco, por conta de uma atividade não essencial, que como as demais atividades não essenciais da cidade, deve aguardar a quarentena para um retorno seguro e correto diante da vida humana em risco.

Enfim, esperamos com esse texto solicitar a V. Exa. que revogue sua decisão no referido processo já que colocará em risco toda nossa população pelos motivos acima elencados.

Aguardamos reconhecimento da população que clama por justiça e nos despedimos com cordiais saudações.

Vamos ajudar que São Tomé continue sem casos colabore assinando.