PSC: o prazo de Feliciano terminou
Há um mês, o líder do PSC, André Moura, recebeu uma petição assinada por quase meio milhão de brasileiros exigindo a substituição de Marco Feliciano da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) por um candidato mais qualificado. A resposta de Moura ao apelo da sociedade foi uma promessa:
ele reconheceu que os deslizes de Feliciano eram, de fato, lamentáveis, e se comprometeu a tirá-lo do poder após um período probatório de 30 dias, caso a liderança do parlamentar não fosse marcada por "equilíbrio e eficiência"
-- qualidades de um magistrado.
30 dias se passaram -- e Feliciano conseguiu uma lista e tanto. Equlíbrio? Dificilmente. Eficiência? À sua maneira: eficiente em disparar ofensas e proferir comentários difamatórios a quase todos os grupos brasileiros que devem ser defendidos e cujos direitos devem ser discutidos na Comissão.
No balanço do primeiro mês de Feliciano à frente da CDHM,
ele nos deu uma lista de dez fatos incendiários, amadores e cheio de um discurso perigosamente divisivo
e de um comportamento que, claramente, mostram sua inadequação para o cargo de presidente da Comissão.
Fizemos um
"Top 10 de Feliciano"
, com os fatos do último mês, para relembrar ao deputado André Moura de sua promessa e a todas as pessoas sobre o que ele tem feito, sem que haja qualquer consequência. Parece até piada, se não fosse trágico:
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1.
Ele acusou antigos membros da Comissão de Direitos Humanos e Minorias de compactuarem com o diabo.
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2.
Feliciano retuitou que o "destino" de crianças adotadas por casais gays é o estupro.
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3.
Em petição ao Supremo Tribunal Federal, o pastor disse novamente que os africanos são amaldiçoados.
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4.
A ministra da Igualdade Racial apresentou uma moção pedindo a saída de Feliciano
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5.
O Procurador-Geral da República pediu uma investigação sobre o fato de Feliciano ter empregado 5 membros de sua igreja em seu gabinete parlamentar
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6.
O próprio líder da igreja de Feliciano disse à Folha que o pastor está usando essa polêmica para se promover.
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7.
Este jornal publicou uma pesquisa mostando que apenas 6 dos 44 deputados da Bancada Evangélica apoiam o pastor publicamente.
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8.
Feliciano restringiu a entrada do público às sessões da CDHM
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9.
Cinco membros da CDHM renunciaram aos seus cargos na Comissão, citando a impossibilidade de continuar a trabalhar com Feliciano.
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10.
Segundo a imprensa, Feliciano está sendo investigado pelo suposto envolvimento em um esquema de corrupção envolvendo empresas de construção com conexões políticas.
Há um outro fato pelo qual precisamos dar crédito a Feliciano:
ele uniu os brasileiros como nunca, em uma mobilização sem precedentes em busca de uma voz forte pelos direitos humanos no Congresso
. A maré está virando, e em todo o país, dos púlpitos das igrejas às reuniões dos sindicatos, das redes sociais aos encontros de partidos, as pessoas estão se levantando e dizendo: "Feliciano não me representa".
Chegou a hora de Moura e o PSC fazerem o mesmo
.
Deputado André Moura e demais líderes do PSC: apenas um punhado desses fatos escandalosos já é suficiente para a expulsão de Marco Feliciano da posição que ocupa. Se este é o tipo de comportamento apresentado por ele em apenas um mês no cargo, o que o futuro reserva para os direitos humanos no Brasil se Feliciano se mantiver na CDHM? Para a integridade contínua desse fórum vital no Congresso brasileiro - e para a reputação já manchada do PSC -
está na hora de o deputado André Moura manter sua promessa. O prazo de Feliciano se esgotou
.
--Pedro Abramovay, diretor de campanhas da Avaaz.org